março 11, 2008
Simone Soul
Tem de lançar-se alto e mais alto ainda
De galáxia em galáxia.
Arrancar às estrelas as suas notas momentâneas
Roubar música à lua.
(Dorothy Livesay)
Alma,
deixa eu ver sua alma
A epiderme da alma,
superfície...
Abra a sua válvula agora
A sua cápsula alma
Flutua na superfície lisa,
que me alisa, seu suor
O sal que sai do sol, da superfície
Simples, devagar, simples,
bem de leve a alma já pousou,
na superfície.
(Arnaldo Antunes)
março 09, 2008
A Mulher
Florbela Espanca
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
março 02, 2008
março 01, 2008
Quero te conhecer por outras fontes,
seguir para tua alma por outros caminhos;
nada desejo de tua vida que passou,
nem teu nome, nem teus sonhos,
nem a história do teu sofrimento;
o mistério explica mais que a claridade;
também não indagarás de mim
o que quer que seja; sou Joana,
tu és um corpo vivendo,
eu sou um corpo vivendo,
nada mais.
Perto do Coração Selvagem
Clarice Lispector
Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.
– Sou pois um brinquedo a quem dão corda
e que terminada esta não encontrará vida própria,
mais profunda. Procurar tranqüilamente admitir que
talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas.
Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita
para as águas puras e largas, mas para as pequenas
e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte,
essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça
para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma idéia
– e nada mais.
Perto do Coração Selvagem
Clarice Lispector
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