Armazém da Mente
Maria Neide

Seus olhos
Flutuam dentro de mim
Fazendo do peito
Um armazém de sonhos.
Machucam feitos espinhos
As mágoas escondidas
Pela saudade das rosas
Que fomos num passado recente
Trago ainda nas mãos
O frio suor antigo
Das horas esquecidas
Nos tempos de menina.
As rugas no rosto
Contam pesadelos mortos
Cremados com os sonhos
Da minha história inacabada.
O peso dos seios
Assustam os anos vividos
Na inconstância de bocas ávidas
Nem sempre limpas ou felizes.
Tento traduzir na mente
Atitudes pouco convencionais
Sem juízo ou sabedoria
Na reconstrução do ser.
E busco reviver na lembrança
Atos e fatos da existência
Capazes de formarem páginas
De um livro ainda por escrever.