janeiro 26, 2007



Sonho Vago
Florbela Espanca

Um sonho alado que nasceu num instante,
Erguido ao alto em horas de demência
Gotas de água que tombam em cadência
Na minha alma tristíssima, distante

Onde está ele, o Desejado? O Infante?
O que há-de vir e amar-me em doida ardência?
O das horas de mágoa e penitência?
O Príncipe Encantado? O Eleito? O Amante?

E neste sonho eu já nem sei quem sou
O brando marulhar dum longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou

Um fogo-fátuo rútilo, talvez
E eu ando a procurar-te e já te vejo!
E tu já me encontraste e não me vês!

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