dezembro 15, 2009



Já não tenho lágrimas
Cecília Meireles

Já não tenho lágrimas:
estão caídas
longe, em vagas margens,
qual mornas ovelhas
recém-nascidas.

Longe estão caídas,
entre esses montes
de saudades vivas,
de figuras frias,
ai, de que horizontes!

Suspiros montes!
Porém, agora,
talvez não me encontrem.
Pois a alma se esconde,
porque já nem chora.

Um comentário:

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

O bonito de um texto é chegar de mansinho e de repente ocupar os nossos espaços, fazendo brotar sentimentos adormecidos.
Cecilia era assim.
Muito bonito este poema, e muito bonito o seu cuidado com o poema.

Semana de muitas alegrias para ti.