
Sonho Vago
Florbela Espanca
Um sonho alado que nasceu num instante,
Erguido ao alto em horas de demência
Gotas de água que tombam em cadência
Na minha alma tristíssima, distante
Onde está ele, o Desejado? O Infante?
O que há-de vir e amar-me em doida ardência?
O das horas de mágoa e penitência?
O Príncipe Encantado? O Eleito? O Amante?
E neste sonho eu já nem sei quem sou
O brando marulhar dum longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou
Um fogo-fátuo rútilo, talvez
E eu ando a procurar-te e já te vejo!
E tu já me encontraste e não me vês!
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